terça-feira, 11 de novembro de 2008

Só podia ser do jeito que foi.

1 a 0. Este era o único resultado possível caso o jogo Botafogo x Flamengo terminasse com um vencedor. O placar mais justo, sem dúvida alguma, era um empate em 0 a 0, mas como futebol e justiça não são lá grandes companheiros, saiu vencedor o time que pelo menos tentou um pouco mais buscar o ataque no segundo tempo: o Fla.

Os primeiros 45 minutos do jogo, certamente, já foram apagados da memória daqueles que assistiram o jogo, principalmente daqueles que são amantes do bom futebol. A disposição dos jogadores do Flamengo em campo só me fazia chegar a uma conclusão: eles já desistiram do campeonato. Acho que nunca tinha visto um time que ainda tem chance de ser campeão jogar tão sem vontade como jogou o time de Caio Junior no primeiro tempo. O Botafogo então nem se fala. Parecia que seus jogadores estavam disputando uma pelada de fim de semana. Apesar dos salários em General Severiano estarem muito atrasados e o Fogão não ter mais grandes pretensões no campeonato, quando os jogadores entram em campo com a camisa do Glorioso devem honrá-la, dando, cada um dos onze, o máximo de si.

O segundo tempo foi melhor do que o anterior, embora isso não queira dizer que o jogo tenha ficado bom. Mas a culpa pela mediocridade do futebol não é só dos jogadores. Os técnicos também sua parcela de responsabilidade. Dá pra entender o que passa na cabeça do Caio Junior? Se alguém entende, por favor comente e me explique. Ontem, no programa Bem Amigos, Muricy Ramalho, o melhor técnico do Brasil, disse que um time deve treinar jogadas, durante a semana, que explorem fragilidades do próximo adversário. Partindo deste princípio, como entender a razão do Caio Junior ter escalado os baixinhos Maxi e Marcelinho Paraíba como titulares se os zagueiros do Botafogo eram os grandalhões André Luis e Renato Silva? Pior ainda foi a jogada que ele mandou seus jogadores executarem. Quando os alas do Fla ameaçavam chegar à linha de fundo, os zagueiros Fabio Luciano e Ronaldo Angelim subiam correndo para a área. Com a idade que o capitão do Mengo tem, tava na cara que ele não ia aguentar fazer isso o jogo todo. E não deu outra. No final da primeira etapa, os cruzamentos já estavam sendo feitos apenas para os baixinhos do ataque flamenguista.

Ney Franco também errou. E começou errando na escalação. O time está acostumado a jogar com um centroavante fixo, o Wellington Paulista. Como este não pôde jogar, Ney preferiu mudar o esquema do time e entrar com um ataque formado por Jorge Henrique e Carlos Alberto. Com isso, Carlos Alberto teve que jogar mais adiantado que o normal e acabou perdendo a possibilidade de explorar uma das suas melhores características: vir de frente para o adversário e tentar o drible. Ficando mais na frente, ele era obrigado a jogar de costas para os zagueiros. Quando o atacante Fabio entrou aos 28 do primeiro tempo, no lugar do machucado lateral-direito Thiaguinho, o time preto e branco voltou a jogar no esquema de costume e melhorou na partida. A ligeira melhora do time causada pela alteração foi mérito de Ney Franco, mas isso não apaga seu erro na escalação inicial. Outro erro do técnico do Glorioso foi falar, após o término do jogo, que o juiz da partida foi caseiro. Eu concordo com os que defendem que o clássico deveria ter sido disputado no Engenhão, mas considerar que só o Flamengo jogou em casa é exagero. Até o ano passado, o Botafogo mandava seus jogos no Maracanã, salvo as vezes que jogava no Caio Martins. E olha que o Maracanã já tem quase 60 anos. Para mim, é incompreensível que o Botafogo não se sinta em casa no Maior do Mundo.

Com a vitória, o sonho do Hexa permanece vivo na Gávea, apesar do título já estar bem encaminhado para terras paulistas. Mas se o troféu não vier, uma vaga na Libertadores 2009 servirá como consolação. Para isto, é fundamental que o Fla vença seus dois próximos adversários, Palmeiras e Cruzeiro, já que estes também estão na briga por uma vaguinha no maior torneio do continente. Já o Botafogo deu Adeus ao sonho de entrar no G4 e, como a vaga na Sul-Americana já está praticamente assegurada, a maior preocupação dos jogadores a partir de agora será o atraso dos salários.